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Transporte público por ônibus tem prejuízo de mais de R$ 14 bilhões durante pandemia

27 de maio de 2021

O prejuízo dos sistemas públicos de ônibus no Brasil chega a R$ 14,24 bilhões desde o início da pandemia até o final de abril, de acordo com monitoramento realizado pela Associação Nacional das Empresas de Transportes Urbanos (NTU).

Foto: Divulgação

Em pouco mais de um ano, mais de 76 mil trabalhadores do setor de transporte público urbano foram demitidos.

O mês com maior impacto financeiro foi março deste ano, que registrou um prejuízo de mais de R$ 1,24 bilhões. Só em 2021, o rombo ultrapassou os R$ 4,5 bilhões. 

A pesquisa revela ainda que pelo menos 24 operadoras e um consórcio operacional interromperam a prestação de serviços.

Diante da crise no setor, 238 greves ou manifestações foram registradas contra empresas de ônibus no país, a maioria motivada pela falta de salário ou benefício para os colaboradores. Os protestos, que atingiram cerca de 88 sistemas de transporte público, levaram a paralisação temporária da oferta de coletivos. 

O presidente-executivo da NTU, Otávio Cunha, ressalta que não foi adotada qualquer ajuda emergencial para o conjunto das empresas que fazem o transporte da população. 

“Lamentavelmente, esse cenário só tende a piorar, enquanto o Poder Público nas três esferas de governo – federal, estadual e municipal – não atentar para as demandas do sistema. Há uma necessidade de ajuda financeira imediata e de longo prazo, de reestruturação total da forma de contratação e operação dos serviços, como já foi proposto ao governo federal”, disse. 

As cidades analisadas pelo estudo correspondem a mais de 66% da demanda e da frota nacional. Apenas na cidade do Rio de Janeiro, o déficit de receita chega a R$ 1,4 bilhão, segundo o Rio Ônibus – Sindicado das Empresas de Ônibus do Rio. Desde março de 2020, a média diária de passageiros transportados caiu de 3,5 milhões para 1,8 milhão no município carioca. 

Neste período, houve o crescimento de viagens individuais em carros de aplicativos e de transportadores de vans. O Rio ônibus acredita que esses meios, que não transportam gratuidade, desequilibram a mobilidade urbana.

Desde 2015, 16 empresas fecharam as portas no Rio, duas delas durante a pandemia.

Questionada pela CNN, a Secretaria Municipal de Transportes (SMTR) afirma que a pandemia acelerou o processo de crise e que o modelo de gestão do sistema de transporte público precisa ser revisado.

Em nota, a SMTR diz que o primeiro passo é aumentar o controle e a transparência. Por isso, está preparando a licitação de bilhetagem eletrônica prevista para ocorrer até o final deste ano. Foi dito ainda que o objetivo também é o pagamento por custo e qualidade do serviço prestado e não mais por passageiro carregado.

CNN BRASIL
Mylena Guedes | Sob supervisão de Helena Vieira